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Manguito Rotador – Anatomia, Causas e Avaliação

A dor no ombro é a terceira maior queixa musculoesquelética no mundo, gerando dor e incapacidade em milhares de pessoas. O manguito rotador é uma das principais causas dessa dor, sendo a principal causa de procura a ortopedistas especialistas em ombro. 

A anatomia do ombro

O manguito rotador é composto por 4 músculos:

  • Supraespinhal;
  • Subescapular;
  • Infraespinhal;
  • Redondo menor.

Esses músculos se originam da escápula e se inserem na cabeça do úmero, recobrindo toda a articulação do ombro. O supraespinhal fica na porção superior da articulação e é responsável pelo movimento de elevação do ombro. O subescapular fica na região anterior do ombro e é responsável pelo movimento de rotação interna do ombro, ou seja, movimento que leva a mão para perto do corpo.



O infraespinhal e o redondo menor ficam na região posterior do ombro e são responsáveis pelo movimento de rotação externa do ombro, ou seja, movimento que leva a mão para longe do corpo. Além disso, juntos eles tem um papel muito importante na estabilidade do ombro, pois o ombro é uma articulação que realiza movimentos muito amplos e necessita da musculatura ao seu redor para se manter estável e com um grande arco de movimento.

Manguito rotador ao redor do ombro
Elevação do ombro
Rotação interna do ombro
Rotação externa do ombro

Avaliação da dor no ombro

Um paciente com dor no ombro por uma lesão no manguito rotador pode apresentar histórias variadas. Para simplificar podemos dividir a história em dois grandes grupos. Os pacientes que iniciaram um quadro de dor no ombro após algum episódio de queda ou trauma na região do ombro, e os pacientes que apresentam uma dor no ombro de longa data, que vai piorando conforme o tempo.



Os pacientes com lesão associado a trauma tendem a ser mais jovens que o outro grupo, perto da faixa de 50 a 55 anos, com uma história de queda com braço esticado, acidentes automobilísticos, traumas durante atividade esportiva ou quadros de luxação do ombro.

O paciente geralmente apresenta uma dor mais intensa com uma grande incapacidade funcional para realizar movimentos com os ombros. Os pacientes com dores de longa data, normalmente tem lesões que são chamadas de degenerativas, ocorrendo os pacientes próximo aos 65 anos, principalmente no membro dominante.

Essa degeneração pode ocorrer por diversos fatores, como: genética (sabe-se que a genética tem papel importante na probabilidade do paciente apresentar uma lesão do manguito rotador), a anatomia do tendão (que apresenta uma zona de menor vascularização próximo da região da inserção do tendão na cabeça do úmero, sendo uma zona de fragilidade), a anatomia do ombro (como por exemplo, o formato do acrômio, que é a porção da escápula que fica acima do ombro, e que quando tem um formato mais parecido com um gancho, aumenta o atrito com os tendões do manguito rotador, podendo gerar as lesões) ou então as atividades do dia-a-dia do paciente como trabalhadores braçais ou atletas que realizam muitos movimentos do braço acima do ombro como jogadores de vôlei ou atletas de crossfit.



Tendões sem impacto com o acrômio
Impacto dos tendões com o acrômio

A queixa dos pacientes com lesão do manguito rotador são: dor durante a noite, com dificuldade para dormir ou se posicionar na cama; dores durante movimentos do braço acima da cabeça, como por exemplo estender uma roupa ou guardar algo na parte superior do armário. Além disso o paciente pode referir uma diminuição de força para os movimentos do ombro comparado ao outro ombro.

Quais outras doenças geram dor no ombro

Durante a avaliação, devemos tentar diferenciar as lesões do manguito rotador de outras causas de dor no ombro. Alguns diagnósticos diferenciais que podemos pensar são: 

  • Capsulite adesiva ou ombro congelado: inflamação da cápsula articular que gera dor e diminuição de movimento do ombro
  • Tendinite calcárea: calcificação de um dos tendões do manguito rotador que também pode gerar muita dor e diminuição da movimentação
  • Artrose do ombro: desgaste da articulação do ombro
  • Tendinite do tendão do bíceps: inflamação do tendão do bíceps que fica na região anterior do ombro 

Exame do manguito rotador

No exame físico então devemos tentar diferenciar as lesões do manguito rotador de outras hipóteses diagnósticas. Inicialmente devemos avaliar se existe alguma atrofia na região do ombro, sugerindo alguma fraqueza de alguns dos músculos do manguito rotador. Devemos realizar a palpação de todas as regiões do ombro, relacionando o local da dor com a estrutura que fica nessa região, como por exemplo, uma dor a palpação da região anterior do ombro pode estar relacionada a tendinite do bíceps, ou então, uma dor a palpação na região lateral do ombro pode estar relacionado a lesões do manguito rotador. 

É importante também que avaliemos outras partes do corpo que podem gerar dor no ombro, como por exemplo a região cervical, sendo essencial portanto avaliar se a dor no ombro não é uma dor irradiada da coluna cervical por uma hérnia de disco por exemplo.

Após isso, devemos avaliar a movimentação do ombro. Devemos avaliar a elevação do ombro, rotação interna e rotação externa, tanto de maneira passiva (ou seja, o próprio examinador realizando os movimentos) quanto ativa (ou seja, o próprio paciente realizando os movimentos).

Isso é importante para diferenciar de pacientes com doenças como capsulite adesiva ou artrose de ombro, em que o paciente não consegue realizar toda a movimentação do ombro mesmo com a ajuda do examinador, enquanto os pacientes com lesão do manguito rotador podem apresentar dificuldade de realizar todos os movimentos sozinhos mas devem ter toda a movimentação livre quando realizados pelo examinador.

Após isso deve-se realizar o teste de força para os movimentos do ombro. O supraespinhal é testado solicitando ao paciente que realize uma elevação do ombro contra a resistência, devendo sempre ser comparado ao lado contralateral. O subescapular é avaliado medindo-se a força de rotação interna do ombro contra a resistência, e o infraespinhal e o redondo menor são avaliados medindo-se a força de rotação externa. Vamos demonstrar um exame específico para cada um desses movimentos.

1. O teste de Jobe é utilizado para avaliar o tendão do supraespinhal.



O paciente permanece de pé e coloca seus braços elevados a 90º em um angulo de 45º com o corpo. O avaliador então coloca suas mão na região superior dos punhos do paciente e solicita que ele realize uma força para cima, avaliando a diferença de força entre os dois lados.

Teste de Jobe para supraespinhal

2. O teste do abraço de urso é utilizado para avaliar o tendão do subescapular.



O paciente coloca uma das suas mãos no ombro contra-lateral. O avaliador coloca sua mão entre o ombro e a mão do paciente e realiza uma força para retirar a mão dessa posição. O paciente deve realizar uma rotação interna para manter a mão nessa posição. 

Teste do Abraço de Urso para subescapular

3. O teste para avaliar os tendões do infraespinhal e redondo menor



Pode ser realizado com os dois braços do paciente junto ao corpo, com os cotovelos flexionados a 90º e aos mãos viradas para frente. O examinador coloca suas mão na região externa das mãos do paciente e solicita que o paciente realize uma força para levar sua mãos para fora, sem tirar os cotovelos de perto do corpo. O examinador então avalia a diferença de força entre os dois lados.

Teste de rotação externa

Exames complementares para avaliação



Após uma boa avaliação da história do paciente e do seu exame físico, normalmente são utilizados exames de imagem para complementar a avaliação. A radiografia do ombro não consegue visualizar os tendões do manguito rotador mas é importante para avaliar outras hipóteses diagnósticas como artrose do ombro, calcificação dos tendões na tendinite calcárea, artrose na região acromioclavicular, formato do acrômio e em casos de lesões graves do manguito rotador, podemos avaliar uma ascensão da cabeça do úmero, que é chamado de artropatia do manguito rotador.

Radiografia da Tendinite calcárea
Radiografia ombro com artrose

O exame de ultrassom e a ressonância magnética são bons exames para avaliar os tendões do manguito rotador, sendo a ressonância o melhor exame para avaliar tanto a lesão do manguito rotador quanto as outras hipóteses diagnósticas pois é um exame em que podemos avaliar tanto a parte óssea quanto a parte de tendões e ligamentos do ombro.

Na ressonância podemos avaliar qual dos tendões foi lesado, qual o grau de extensão dessa lesão, qual o grau de retração desse tendão, e qual o grau de atrofia ou substituição desse músculo por gordura que já existe. 



  • As lesões dos tendões podem ser divididas em parciais, ou seja, quando parte do tendão está rompida e parte dele ainda está preso ao osso, ou totais, quando todo o tendão está solto do osso
  • O grau de extensão da lesão pode ser medido na ressonância, podendo ser pequeno quando é menor de 1 cm, médio quando é de 1 a 3 cm, grande quando é de 3 a 5 cm ou maciça quando é maior que 5 cm. O grau de extensão também pode ser avaliado pelo número de tendões acometidos, podendo ser chamado de maciça aquela as lesões completas de dois tendões ou mais.
  • O grau de retração também pode ser medido no exame, avaliando o local de origem do tendão e onde ele se encontra no momento do exame.
  • O grau de atrofia muscular e de substituição gordurosa são fatores importantes para avaliar a condição do tendão e sua possibilidade de se regenerar. Quanto mais atrofiado está o tendão e com maior quantidade de gordura em sua massa muscular, pior é a qualidade desse músculo e desse tendão, ou seja, menores serão as chances desse tendão se recuperar caso seja operado.
Ressonância sem lesão do manguito rotador
Lesão parcial do manguito rotador
Lesão completa do manguito rotador

Conforme o tempo, os tendões lesados vão se retraindo e a musculatura vai piorando sua atrofia. É difícil dizer caso a caso com qual velocidade essa degeneração vai ocorrer.

Leia mais sobre no artigo sobre tratamento do Manguito Rotador.

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